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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Corretor é peça chave para manter o faturamento do setor, diz diretor da Porto Seguro e membro da FenSeg

Como manter o faturamento do seguro automóvel em um momento de crise econômica e de queda nas vendas de carros zero quilômetro? Quem responde a essa equação nada simples é Luiz Pomarole, diretor geral da Porto Seguro e membro da membro da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

“Há uma grande quantidade de veículos que precisa ainda de seguros e estamos buscando esses clientes. Ter a aprovação da Susep para o seguro popular, com preços mais acessíveis, também está na agenda do setor. Porém sabemos que muitos produtos saem da lista de primeira necessidade do consumidor em momentos de crise. Ainda não sentimos isso e temos pesquisas que mostram que os segurados entendem que se perderem o carro ou a casa podem ficar numa situação ainda pior”, argumenta.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao portal CQCS:

CQCS – Você citou o seguro popular como uma saída para manter as vendas de seguro de carro, que em 2014 avançaram 9%, para R$ 32 bilhões. Já no primeiro bimestre do ano, o crescimento ficou em 3,9%, para R$ 4,8 bilhões. O seguro popular sai neste ano ?

Pomarole – Em maio entra em vigor a Lei Federal 12.977 que regulamenta a Lei dos Desmanches. Um vez regulamentada, a lei dá à Susep autorização para criar regras e assim permitir que as seguradoras lancem o seguro popular, como mais uma opção de proteção aos proprietários de veículos. Estamos empenhados para lançar o produto e atender a uma grande demanda.

CQCS – Será mais barato mesmo ?

Pomarole – Sim, é um seguro com preço mais acessível por ter peças usadas com garantia e qualidade igual as peças originais. Os peças usadas chegam a custar 70% menos do que as novas.

CQCS – Acha que isso será suficiente para manter o ritmo de crescimento do setor ?

Pomarole – Criar um mercado que não depende de carro novo é um bom aliado neste momento de crise, uma vez que hoje o carro novo é responsável por quase 90% das vendas de seguro automóvel. Os outros 10% são veículos destinados a frotistas e locadoras. Se não vende carro, não vende seguro.

CQCS – Acredita que o mercado segurador cresce neste ano de projeções de recuo do PIB e das vendas de veículos, sem considerar o seguro popular de carro ? A venda online pode ajudar ?

Pomarole – Se ficar igual ao ano passado já estamos contentes. Agora temos outras coberturas para oferecer, como a de terceiros. O corretor é o grande incentivador das vendas novas, levando produtos como o RC para livrar o cliente de demandas judiciais futuras de terceiros prejudicados em um acidente. Também temos a assistência de residência, um serviço com demanda crescente, e que pode ser ofertado aos clientes. Além desses dois produtos que tem grande potencial de vendas, ainda contamos com a criatividade das seguradoras para criar produtos para atingir um número maior de pessoas. Se só 30% da frota tem seguro, isso significa dizer que o mercado tem uma grande margem para criar novos produtos. A Venda Online é um instrumento de divulgação, mas que depende da ação do corretor de seguros. Nem sempre a cotação fria e resulta na melhor opção. É preciso explicar o que esta por trás do preço. As diferenças, muitas vezes grandes, estão ligadas a diferenças grandes de cobertura. E quem conhece o cliente e as coberturas é o corretor. É ele que pode traduzir a melhor oferta para o cliente. A cotação é informativa e traz mais clareza. Mas é apenas um instrumento que ajuda o segurado a provocar o corretor para ajudá-lo. O trabalho final será feito pelo corretor.

CQCS – E baixar o preço do seguro não ajudaria também ?

Pomarole – A tecnologia tem ajudado muito a minimizar o risco. Um exemplo é o uso de rastreadores. O equipamento é uma das formas de reduzir o preço ao evitar o roubo e ajudar na localização e recuperação do veiculo. Também temos investido muito em cursos, como para os jovens, utilizando uma metodologia avançada para mostrar o limite do carro e do ser humano. Esse método tende a aumentar a consciência e consequentemente reduzir acidentes.

CQCS – Reduzir acidentes também é uma arma poderosa para reduzir custos. E quanto ao uso do celular na direção, há estatísticas?

Pomarole – Não temos estatísticas efetivas sobre o volume de acidentes causados pelo celular. Sabemos que cerca de 80% dos acidentes são causados pela distração das pessoas e não por defeitos ou falhas mecânicas. Os carros são muito seguros hoje e usam tecnologia avançada. A bebida é um dos maiores causadores de acidentes, seguido pela distração. O celular tem tirado o nível de concentração, mas ainda não conseguimos aferir isso.

CQCS – A seguradora pode negar indenização se conseguir provar que o segurado estava usando o celular no momento do acidente ?

Pomarole – Estamos muito longe disso. A preferência das seguradoras tem sido pela linha da conscientização. A pessoa tem seguro para cobrir acidentes. O problema que vemos é a vida. Uma distração com o celular pode tirar vidas e isso vai gerar um grande problema social. Também acreditamos que a tecnologia ajudará a reduzir tais distrações, com equipamentos que ligam e desligam o celular sem que o motorista tire as mãos do volante.

CQCS – O desemprego tem crescido, assim como endividamento. Essas variáveis já afetaram o faturamento das seguradoras?

Pomarole – O seguro é pago em até quatro vezes e por isso não sentimos ainda qualquer efeito do desemprego. Não observamos ainda atrasos nas parcelas ou desistência nas renovações.. Pode acontecer ? Pode. Não sabemos para onde vai a economia. Sentimos mais no carro zero. Se não vende, não tem seguro. Geralmente as pessoas cortam do orçamento o que não é item de primeira necessidade. Vamos ver o que as famílias vão cortar primeiro. Como o seguro de carro está ligado a proteção, acreditamos que as pessoas vão mantê-lo no orçamento. E o corretor é fundamental na orientação de proteção ao cliente, principalmente aos riscos em momentos de crise.

Fonte: CQCS.

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